Tuesday, April 16, 2013

Stormtroopers

Não é preciso ser nerd, geek ou mesmo fã da saga Star Wars para identificar os stormtroopers, aqueles sujeitos de armadura branca, empunhando uma espécie de pistola laser (blasters) e usando indefectíveis capacetes que aparecem ao longo da chamada trilogia original, composta pelos episódios IV, V e VI, no caso “Uma Nova Esperança”, “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi” (A New Hope, The Empire Strikes Back e Return of the Jedi, 1977, 1980 e 1983, respectivamente). O sucesso estrondoso da saga fez com que eles, tal como os droids (como são chamados os robôs de uso civil que aparecem nos filmes) R2-D2 e C3PO, o wookie Chewbacca e o personagem da saga, no caso Darth Vader, se tornassem um ícone da cultura pop atual.
Para confirmar o que escrevi, experimente pesquisar seu nome no Google. Logo aparecerão milhares de referências sobre os soldados que constituem a elite das tropas do Império Galáctico e são diretamente subordinados ao Imperador Palpatine e a alguns de seus mais próximos comandantes, mais notadamente Darth Vader. Essa ligação aparece expressa justamente em suas armaduras e capacetes que, por serem equipamentos absolutamente iguais, nos fazem remeter aos ideais do Império: uniformidade, brutalidade e periculosidade.
Aqui é preciso fazer uma ressalva: quem tiver conferido os três primeiros episódios da saga, “A Ameaça Fantasma”, “O Ataque dos Clones” e “A Vingança dos Sith” (The Phantom Menace, Attack of the Clones e Revenge of the Sith, de 1999, 2002 e 2005, respectivamente), com certeza irá perceber que os soldados lá retratados são diferentes dos stormtroopers. Isso por que eles são os clone troopers (à direita), cujas diferenças podem ser inicialmente percebidas pelo formato do capacete e pelo fato que suas armaduras terem marcas coloridas que mostram suas unidades e patentes. A história desses soldados, contudo, está interligada. Os clone troopers foram criados em um planeta misterioso a partir de um só indivíduo – o caçador de recompensas Jango Fett – quando, diante da crise que se instaurava na República, se acreditou ser necessário a criação de um grande exército o mais rapidamente possível. Isso na verdade era um plano dos inimigos da República, os Sith, controladores do lado negro da Força, que mais tarde utilizariam esses mesmos soldados para derrubar o regime republicano. Após esse processo, que incluiu o expurgo dos jedi e a cooptação de Anakin Skywalker para o lado negro e sua consequente transformação em Darth Vader (ver “A Vingança dos Sith”), os clone troopers foram reorganizados e reagrupados, com a adição de novos recrutas, inclusive mulheres, em um novo corpo militar de elite – os stormtroopers – que tinha como missão principal impor a autoridade do Império em todos os cantos da galáxia.

Apesar de serem a tropa de elite do Império, não importa quantos stormtroopers estiverem atirando nos rebeldes, pois eles nunca vão acertar. Esse é o Efeito Stormtrooper.
Sobre as habilidades dos stormtroopers em combate ficou famosa uma cena no episódio IV em que Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness), ao investigar as mortes de membros do Povo da Areia, diz para um espantado Luke Skywalker (Mark Hamill): "Somente stormtroopers imperiais podem ser tão precisos". Porém, o que se viu ao longo dos filmes foi que os stormtroopers se mostraram sempre pouco efetivos quando em combate com os rebeldes, mesmo quando em esmagadora superioridade numérica. Esse fato gerou até mesmo uma teoria presente em filmes de ação chamada de Efeito Stormtrooper, no qual não importa o quanto um grupo de possa ser perigoso, pois seus membros nunca serão capazes de acertar alguém que seja essencial para o filme. George Lucas tentou explicar isso afirmando que "a única razão pela qual determinados personagens são os principais se deve ao fato de serem os únicos a terem habilidades especiais". Como é que é!? Esse argumento é meio forçado quando nos lembramos que Luke Skywalker não era nada além de um fazendeiro em um planeta inóspito que nunca frequentou a academia jedi ou de pilotagem mas que foi capaz de enfrentar Darth Vader, o maior vilão de todos os tempos, e destruir a estação de combate altamente armada chamada Estrela da Morte com um tiro improvável, algo que nenhum dos pilotos da Aliança Rebelde muito mais experientes que ele conseguiram.
O esboço inicial dos stormtroopers (à esquerda) foi elaborado pelo diretor de arte Ralph McQuarrie, no qual eles eram equipados com sabres de luz e escudos. Obviamente, estas ideias foram abandonadas em favor do formato apresentado nos filmes. Após essas definições, McQuarrie e outros artistas começaram a projetar as partes que compõem a armadura e o capacete, primeiro em moldes de plástico e, depois, em fibra de vidro. Ao todo, a armadura de um stormtrooper é composta de 18 partes. Não irei me alongar nesses detalhes, que basicamente só interessam a quem, como eu, é fã incondicional da série. O que importa aqui é reafirmar a armadura como o símbolo de poder de um stormtrooper. Nos vários segmentos que compoem o universo de Star Wars além dos filmes (livros, jogos, desenhos animados), a armadura, apesar de ter sofrido várias modificações durante a cronologia própria da saga, sempre manteve um elemento de design básico: a total proteção a quem a usasse. Durante a trilogia original, a armadura era feita de um material chamado plastoid, com pontos reforçados em áreas vitais no tronco e nos membros, além do capacete que trazia uma série de equipamentos eletrônicos de comunicação, mira e organização de combate. Com o passar do tempo, as armaduras se tornaram cada vez mais eficazes não apenas em combate, mas também contra altas temperaturas e ao vácuo, (ambos em um curto período de tempo). Além disso, em alguns momentos elas apresentam algumas variações que demostram que havia um nível de especialização na tropa. Isso pode ser conferido no episódio IV quando aparecem os sandtroopers, especializados em combate no deserto e, no episódio seguinte, foi a vez dos os snowtroopers, especializados em combate em ambientes gelados. 
A armadura do stormtrooper (à esquerda) sempre foi motivo de piadas, uma vez que nitidamente restringe a mobilidade de quem a usa, principalmente a visão pelo capacete. Em outra cena famosa do episódio IV, Luke Skywalker, Han Solo (Harrison Ford), Chewbacca e os droids invadem a Estrela da Morte para salvar a princesa Leia (Carrie Fisher), eles atacam stormtroopers e roubam suas armaduras. Durante a ação, Skywalker se queixa de que era impossível enxergar com os capacetes. Na mesma sequência, uma curiosidade: aparece TK-421, o único stormtrooper com nome de toda a saga mas que dá uma mancada e permite que os rebeldes adentrem a estação. Enfim, aliado aos problemas da visão, devido à cor branca da armadura, um stormtrooper pode ser visto à quilômetros de distância e, como se pode observar nos filmes, não oferece proteção efetiva contra as armas rebeldes (ver “Uma Nova Esperança”), pois qualquer tiro põe eles fora de ação. Essas questões técnicas parece que pouco interessaram ao criador de Star Wars, George Lucas. Acredita-se que ele tenha criado o seu design de forma proposital na esperança de que a impossibilidade dos stormtroopers em demonstrar emoções ou identidade própria, elementos com que os espectadores pudessem simpatizar, ajudasse o rápido estabelecimento das diferenças entre o "bem" e o "mal" ao longo dos filmes.
Olhando o stormtrooper do ponto de vista histórico, contudo, torna possível supor que a inspiração de Lucas para criar a armadura dos stormtroopers veio dos equipamentos militares alemães utilizados nas duas Guerras Mundiais. Comecemos, pois, com o capacete (à direita), bem próximo aos usados pelo exército alemão na II Guerra Mundial. Enquanto isso, os depósitos de munição que os stormtroopers trazem à cintura remetem aos utilizados pela infantaria alemã ao longo do mesmo conflito. A mesma coisa acontece com a caixa cilíndrica presa às suas costas, que nos filmes é um thermal detonator, uma espécie de carga explosiva, nitidamente inspirada nas caixas que guardavam as máscaras contra gás alemãs. Por fim o nome, já que, coincidência ou não, é o mesmo da Sturmabteilung, as SA, uma milícia paramilitar utilizada por Adolf Hitler (1889-1945) para tumultuar o ambiente político da Alemanha e assim facilitar sua chegada e, consequentemente, a do Nazismo ao poder. As características marcantes das tropas de assalto nazistas, eram justamente a sua organização e a lealdade ao seu comandante e à ideologia do Estado. Quantas coincidências com os stormtroopers não?
Mas o que é que os stormtroopers tem a ver com carros? Muita coisa, afinal de contas a influência do estilo dos mais temíveis soldados do Império Galáctico também se estenderam sobre automóveis, dos quais selecionei dois exemplos.

Pelas fotos você poderá perceber como um fã pode declarar todo o seu amor a Star Wars através de um carro. O Dodge Avenger é considerado, no geral, um carro pouco excitante. Parece feio se olhado por alguns ângulos, já que suas laterais são um pouco altas demais. Estes problemas foram com certeza resolvidos com o pacote de customização Stormtrooper, criado por Scott Anderson e apresentado no SEMA Show de 2007.

Para começar, a óbvia referência a armadura e ao capacete dos stormtroopers na carroceria branca, na cobertura dos faróis de xenon e nas janelas fumês. Sob o capô, o carro tinha o motor V6 de 4 litros do crossover Pacifica equipado com câmbio automático de seis velocidades e transmissão all-wheel-drive. Outras modificações mecânicas incluíram suspensão rebaixada, freios de competição e rodas Alcoa Forged de 20 polegadas montadas em pneus Michelin. No exterior, foi instalado um novo conjunto aerodinâmico.

No interior foi usado um conjunto de bancos do Charger SRT8 com revestimento exclusivo de camurça, um novo painel com relógios de competição e consoles para dois notebooks, um na dianteira e outro na traseira. O primeiro permitia ao motorista ligar o carro, bem como acessar, por exemplo, a Mopar Performance Parts para encontrar esquemas de calibramento do motor. Já o traseiro permitia aos passageiros de divertir com jogos eletrônicos, ver filmes e navegar na internet.

Nas últimas três décadas, a empresa alemã Gemballa ganhou reputação ao tunar Porsches. Em 2010, a empresa iniciou o desafio de modificar o mais potente dos carros da Ferrari, a Enzo, num projeto chamado Gemballa MIG-U1, que foi previsto para ser produzido em uma edição limitada a 25 unidades.

Apesar de seu nome parecer mais uma homenagem à fábrica de aviões de combate russa Mikoyan-Gourevich (MiG), seu esquema de cores foi imediatamente associado ao "estilo stormtrooper". Entre as características mais importantes do carro estão modificações aerodinâmicas como o novo spolier dianteiro e os flaps traseiros com abertura automática quando o carro alcança 120km/h que, segundo a Gemballa, aumentaram o downforce do carro. Outra modificação é o scoop no teto que, além de proporcionar uma melhor refrigeração, garante ainda uma melhor alimentação de ar para o motor. Por falar em motor, ele foi modificado com um novo arranjo na injeção eletrônica e no sistema de exaustão que elevaram sua potência para 700 hp.

As grandes rodas também tem papel importante no pacote: produzidas pela Advanced Structural Alloys, elas são feitas de uma liga que combina grande estabilidade com leveza, tanto que cada uma – as dianteiras de 19 e as traseiras de 20 polegadas – pesa apenas cerca de 16 quilos. Com relação ao interior, a Gemballa o produz ao gosto do freguês.

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