Casablanca é uma importante cidade do Marrocos e de todo o norte da África, banhada pelo Oceano Atlântico. Serviu de cenário para o filme Casablanca, do diretor Michael Curtiz, cuja estréia deu-se em 1942, em pleno curso na Segunda Guerra Mundial.
Talvez a cena mais marcante do filme seja o momento em que Victor Lazlo (vivido pelo ator Paul Henreid), um dos líderes da resistência tcheca ao nazismo, leva a banda de música do Rick’s, café onde se desenrola toda a ação do filme, a tocar a Marselhesa. O hino francês encarna, simbolicamente, um cântico de guerra e de liberdade. Além do sentido simbólico do hino francês, há, também, um outro sentido, este político, e esses sentidos imbricam-se na trama da narrativa.
Nos quadros da Casablanca de então – desde 1907 o território esteve sob o domínio francês – aquele espaço era rota de passagem de fugitivos nazistas da Europa, além de ser um território de interesse geopolítico para a Europa. Na condição de território francês, a Marselhesaque Victor Lazlo ordena que fosse tocada era também uma manifestação contrária ao governo colaboracionista do Marechal Pétain, o chamado Governo de Vichy, inclinado para os nazistas que então ocupavam grande parte da França.
O filme Casablanca, nesse sentido, trouxe às salas de exibição do mundo inteiro uma história de amor entre os personagens de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, mas cujas representações projetavam uma outra história, a da Europa esfacelada pelos efeitos devastadores da Segunda Guerra Mundial.Em uma das cenas mais antológicas da história do cinema, depois de uma áspera discussão com Rick (Humphrey Bogart), Lazlo presencia oficiais nazistas cantando Die Wacht am Rhein, canção patriótica da época da Guerra Franco-Prussiana (1870), conflito vencido pelos alemães. Indignado - sua expressão no alto da escada é impressionante -, Lazlo parte em direção à banda e pede que toquem a Marselhesa, o que é permitido por Rick. Lançado em plena Segunda Guerra Mundial, Casablanca fez parte de uma campanha de porpaganda movida por Hollywood a fim de convencer a opinião pública norte-americana da importância da participação dos Estados Unidos no conflito.
* Por Geraldo Mártires Coelho, pós-doutor em História pela Universidade Nova de Lisboa e professor aposentado da Universidade Federal do Pará.
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