Friday, October 5, 2012

50 anos de James Bond no cinema

 
No dia 5 de outubro de 1962 estreava nos cinemas a primeira aventura do agente 007. O filme era "007 Contra o Satânico Dr. No" (Dr. No, 1962) e trazia as aventuras de James Bond, criado pelo escritor Ian Fleming (1908-1964) no romance "Casino Royale", lançado em 1953. 
A data me pegou totalmente de surpresa, uma vez que obviamente gostaria de fazer uma postagem com os carros do agente, algo já manjado, mas que sempre agrada uma vez que eles sempre são super-máquinas cheias de truques e tecnologia que só mesmo o cinema pode criar. Enfim, como ainda nem comecei a fazer o texto, pensei apenas em colocar uma foto do maior de todos os 007, Sean Connery, ao lado do mais conhecido carro utilizado pelo personagem, o Aston Martin DB5 de 1963, que na época da realização do filme, ele ainda era um protótipo e foi emprestado mediante um seguro astronômico. Aí me lembrei que em meu antigo blog, o AWCoelho (uma postagem dele já apareceu aqui lembra?), havia feito uma postagem sobre as minhas Bondgirls preferidas. Assim, enquanto a postagem sobre os carros do 007 não vem (inclusive estou amadurecendo uma idéia muito bacana para ela) e para a data não passar em branco, vou reproduzi-la aqui. Só lembrando que o texto foi escrito em 2006, então ainda não entraram na lista as mulheres dos novos filmes estrelados por Daniel Craig.


Bond Girls

Em julho, a suíça Ursula Andress foi eleita a melhor Bond Girl de todos os tempos em uma pesquisa feita pela revista de cinema Empire e pela Sony Pictures. A atriz, hoje com 70 anos, foi a estrela de “007 Contra o Satânico Dr. No” (Dr. No, 1962). A partir dela, então com 26 anos, as “Bond girls” viraram marca registrada nos 20 filmes do agente secreto inglês. Elas são belas, na maioria dos casos querem matá-lo, mas nunca deixam de resistir ao seu charme. Em segundo lugar da pesquisa ficou Famke Janssen ("007 Contra Goldeneye", 1995), seguida por Jane Seymour ("007 Viva e Deixe Morrer", 1973), Halle Berry ("Um Novo Dia Para Morrer", 2003) e Lois Chiles ("007 Contra O Foguete da Morte", 1979).
Aproveitando esta pesquisa, vou escrever sobre as “Bond girls”. Isto é complicado, pois é um tema altamente manjado. Inúmeras crônicas já foram escritas sobre elas (sugiro a de autoria de Marcelo Hassel, no site Omelete), e, especialmente, sobre o fascínio que elas exercem sobre a imaginação masculina. Esta é uma questão interessante. Apesar da grande maioria das atrizes que interpretaram as “Bond girls” serem lindíssimas, elas fogem aos tradicionais padrões brasileiros de peitão-coxão-bundão. Assim, como poderia ser explicada a atração que elas exercem sobre nós, brasileiros e, consequentemente, em todo o homem que se preze no mundo todo? Resposta: o fetiche! O que marca mesmo uma “Bond girl” é o fetiche, já que elas usam roupas insinuantes (biquínis ou fardas, por exemplo), são perigosas, excelentes motoristas e pilotos (de aviões, helicópteros, submarinos, naves espaciais, etc.), mestres em artes marciais e, o mais importante, sem muitos rodeios quando se trata de sexo. Essa, para nós (por favor, todo homem que se preze é machista!), é a sua melhor qualidade.
Já tecnicamente falando, a atriz que interpreta uma “Bond girl” representa um papel que pode mostrar um duplo interesse pelo personagem do espião: o de amor propriamente dito ou meramente atração sexual. Neste último caso (que, convenhamos, é o que a nós, homens, interessa), é marcante outra característica típica de uma “Bond girl”: os nomes com duplo sentido. Por exemplo, a personagem Pussy Galore, interpretada por Honor Blackman em “007 Contra Goldfinger” (Goldfinger, 1964), cujo nome, se literalmente traduzido para o português, significaria “xoxotaem abundância”. Temos ainda a agente soviética “Triplo X” (XXX), vivida por Barbara Bach em “007 O Espião Que Me Amava” (The Spy Who Loves Me, 1977). Como se sabe, nos Estados Unidos, os três “X” classificam os filmes pornôs! A lista continua...
Nos filmes, as “Bond girls” podem ser vítimas salvas pelo espião de agentes ou organizações inimigas, aliados e até mesmo vilãs. Algumas vezes elas são apenas coadjuvantes (o termo mais apropriado nesse caso seria o inglês “eye candy”, expressão que literalmente traduzida seria algo como “coisa lembrada apenas por sua beleza”) e não tendo envolvimento direto na missão de Bond. Elas apenas atravessam seu caminho e acabam parando em sua cama. Contudo, nem todas as personagens femininas que apareceram nos filmes do espião podem ser consideradas “Bond girls” como, por, exemplo a M vivida por Judi Dench e as diversas atrizes que interpretaram Moneypenny, a eternamente apaixonada secretaria que suspira toda vez que se encontra com Bond. Curiosamente, a atriz que interpretou Moneypenny em “Um Novo Dia para Morrer” (Die Another Day, 2002) se chama Samantha... Bond!  
Bem vamos a minha lista de “Bond girls”, a qual não tive como não concordar com a Empire nos primeiros lugares.
 
1 – Ursula Andress (hours-concurs!).
Nascida na Suíça, Ursula foi modelo em Roma entre o final da década de 1950 e início de 1960. Após conseguir alguns pequenos papéis na efervescente indústria cinematográfica italiana da época, Ursula foi convidada (segundo consta após muito lobby de seu marido na época, John Derek) para representar Honey Ryder, personagem do primeiro filme de James Bond, 007 Contra o Satânico Dr. No (Dr. No, 1962. Nossa como os títulos brasileiros são ridículos!). Sua primeira aparição no filme acabou por se tornar um dos momentos inesquecíveis das aventuras de 007 quando ela sai do mar cristalino da Jamaica – sob o olhar embasbacado de Bond (vivido por Sean Connery) – em um biquíni branco (reparem o detalhe da faca presa à cintura), carregando duas conchas, cantando uma música que parece ser um calypso (um verdadeiro, não o da Banda Colapso) e sacudindo seus cabelos. Na época, alguns críticos afirmaram que a combinação mar-concha-loura maravilhosa, teria sido inspirada pela pintura “Nascimento de Vênus”, de Boticelli! Isso não parece exagero pois foi confirmado pelo autor Ian Flemming, que descreveu a aparição de Honey no livro que deu origem ao filme (1958) como saindo completamente nua das águas, como “uma espécie de Vênus moderna”. Emblemático também o primeiro diálogo entre Bond e Ryder. Ela: “Are you looking for shells?” Bond: “No, I'm just looking”. Sempre os trocadilhos. Desculpem, mas esse ficaria sem graça traduzir... Enfim, o frisson causado pela cena foi grande. O biquíni, por exemplo, que Ursula jura ter sido desenhado por ela e que, apesar de ser mais do que comportado para os padrões atuais, causou, além de uma grande controvérsia, um aumento mundial nas vendas da peça! Tudo isso fez com que ninguém ligasse para as limitadas capacidades de interpretação de Ursula e para o fato de, devido a um acentuado sotaque suíço-alemão, sua voz ter sido dublada. Ursula aproveitou bem o sucesso conseguido com o filme, fazendo contratos publicitários e aparecendo em outros filmes com mais ou menos o mesmo papel, a de femme fatale meio mal-humorada, ou em comédias leves. Considerada a primeira “Bond girl”, Ursula/Honey foi, na verdade, precedida nos braços de Bond em “Dr. No” pela personagem Sylvia Trench, interpretada pela atriz Eunice Grayson. Isso pouco importa para os fãs da série pois Ursula sempre será a primeira. Em “Um Novo Dia Para Morrer”, Halle Berry a homenageou reproduzindo a cena do biquini. 
    
2 – Famke Janssen (outro hours-concours!)
Vilã vivida pela atriz sueca Famke Janssen em “007 Contra Goldeneye” (GoldenEye, 1995), Onatopp (também um trocadilho, que literalmente significaria “ficar por cima” o que nos filmes de James Bond, como escrevemos acima, ganha uma óbvia conotação sexual) nasceu na república da Georgia, tendo sido piloto de caça da Força Aérea Soviética e membro da KGB. Após o fim da URSS, ela ingressou na organização criminosa Janus comandada pelo agente renegado Alec Trevelyan (Sean Bean). No começo do filme, Bond (então vivido por Pierce Brosnan) envolve-se com ela em uma eletrizante perseguição de carros, ele no tradicional Aston Martin DB5 – o mesmo usado em “007 Contra Goldfinger" (Goldfinger, 1964) e “007 Contra a Chantagem Atômica” (Jesus! Que nome horrível para Thunderball, 1965) – e ela em uma Ferrari 355. Mais tarde, Bond encontrou-se com ela em um cassino em Monte Carlo, onde disputam uma tensa partida de... Desculpem, eu não lembro o nome do jogo.
Contudo, a principal característica de Onatopp é o fato dela ser sádica, pois só consegue se satisfazer sexualmente matando seu parceiro! A primeira vítima de sua “chave-de-coxa” é um almirante canadense que tem seu tórax esmagado enquanto goza profundamente. Por duas vezes, ela tenta fazer o mesmo com Bond. A primeira vez em uma sauna e a segunda em Cuba, onde quase obtém sucesso. Nesta ocasião, após conseguir se desvencilhar das poderosas coxas de Onatopp, o espião consegue prendê-la por uma corda a um helicóptero que, depois de uma rajada de metralhadora, cai arrastando consigo a vilã até o encontro à forquilha de uma árvore, onde morreu esmagada. Cinicamente, Bond afirma: “ela sempre gostou de um bom apertão”. Apesar de não ter ido para cama com Bond, Onatopp é considerada – também por mim – uma das melhores “Bond girls”, sendo também o segundo personagem feminino a ser morto pelo espião em seus filmes.
 
3 – Caroline Munro
Modelo inglesa que antes de se tornar “Bond girl” ficou famosa por participar de vários filmes baratos de ficção científica e de terror. No início da década de 1970, Caroline contracenou com ninguém menos do que o lendário Vincent Price (1911-1993) em dois filmes: “O Abominável Sr. Phibes” (The Abominable Dr. Phibes, 1971) e emA câmara de horrores do abominável Dr. Phibes”(Dr. Phibes Rises Again, 1972), dois clássicos do terror trash que eu adoro. O desempenho (?) de Caroline fez com que ela fosse contratada pela “meca” dos filmes de terror da época, a produtora inglesa Hammer Films. Depois de ter participado de alguns filmes, como o ótimo “Drácula no Mundo da Minissaia” (ridículo nome brasileiro para Dracula AD 1972, 1974), Caroline ficou conhecida por ter recusado o papel-título na adaptação para o cinema de Vampirella, um verdadeiro ícone na história dos quadrinhos. No currículo de Caroline se destaca também a participação em “As Novas Viagens de Simbad” (The Golden Voyage of Simbad, 1974). Esse é fácil! Lembram da Sessão da Tarde? Este é aquele filme em que Simbad luta com uma espécie de deusa Shiva de seis braços, um centauro-ciclope (credo!) e um grifo, todos bonecos filmados em stop-motion, típicos dos filmes do mestre em efeitos especiais Ray Harryhausen. Mais tarde, Caroline recusou o papel da vilã Ursa em “Superman: o filme” (Superman, 1978) para participar do filme que a consagraria, “007 – O Espião Que Me Amava” (The Spy Who Loved Me, 1977). No papel da piloto de helicóptero Naomi (que ela pilota usando um biquíni – sempre ele – marrom), ela acabaria por protagonizar com Roger Moore uma das mais espetaculares seqüências de perseguição de carros em todos os filmes da série. No final, Bond derruba seu helicóptero com um míssil lançado de um dos mais espetaculares carros já utilizados na série, o Lotus Esprit branco, aquele que vira submarino. A destruição do helicóptero de Naomi marca a primeira vez que Bond deliberadamente mata uma mulher em um filme da série.   

4 – Lana Wood
Descendente de imigrantes russos e nascida Svetlana Gurdin, tornou-se mais conhecida pelo nome artístico de Lana Wood, adotado uma vez que é irmã mais nova do que ninguém menos do que a estrela Natalie Wood (ver The West Side Story). Ela participou de “007 Os Diamantes São Eternos” (Diamonds Are Forever, 1971) como Plenty O’Toole, sendo seu nome mais um dos óbvios trocadilhos presentes na série, pois o “Plenty” – no sentido de cheio – é uma clara referência aos seus seios avantajados. No filme, ela surge pela primeira vez em uma mesa de dados em um cassino de Las Vegas vestida com um provocante vestido púrpura que valoriza seus óbvios atributos. A cena em que Bond a leva para a cama foi cortada do filme, mas restaurada no DVD. Seu destino no filme foi trágico, pois foi assassinada por engano em uma piscina pela hilária dupla de assassinos Mr. Wint (Bruce Glover) e Mr. Kidd (Putter Smith).
 
5 – Kim Basinger
Em “007 – Nunca Mais Outra Vez” (Never Say Never Again, 1983. Em Portugal, onde reinam as traduções literais, o filme foi chamado de Nunca Mais Digas Nunca), uma até então pouco conhecida Kim Basinger interpretou Domino, amante do vilão Maximillian Largo (Klaus Maria Brandauer) que passou a ajudar 007 depois que este lhe conta da morte do irmão. Este filme não é considerado como “oficial” do espião, pois envolveu uma longa disputa judicial em torno dos direitos autorais. Ele nada mais é do que uma refilmagem de “007 Contra a Chantagem Atômica” (e eu falando dos portugueses. Que nome ridículo!), inclusive no que toca a Kim Basinger, que interpreta o mesmo papel vivido anteriormente por Claudine Auger na produção de 1965. O filme foi bem recebido pelos fãs da série que desejavam rever Sean Connery de novo na pele de 007, apesar do aspecto meio bizarro de ver o ator usando uma peruca grisalha (Connery já estava calvo) e sentindo o peso da idade. Depois de seu último filme – Os Diamantes São Eternos – Connery disse que nunca mais encarnaria 007. Daí o porquê do título do filme. O convenceram do contrário um cachê de 5 milhões de dólares (um recorde para a época) e total ingerência na produção. Enfim, foi como “Bond girl” que Kim Basinger teve sua primeira grande oportunidade no cinema, aparecendo em seguida num ensaio fotográfico de oito páginas na revista Playboy.

0 comments:

Post a Comment